quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Síntese baseada no texto: O trabalho do assistente social na esfera estatal



O trabalho do assistente social na esfera estatal de Raquel Raichelis

Esse texto está presente no livro do CFESS, Serviço Social: Direitos Sociais e competências profissionais.

A síntese foi produzida pelo Blog Concurseiros de Serviço Social

1) Serviço Social e relações sociais capitalistas – uma referência necessária
       Para a autora, a análise do trabalho do assistente social na esfera estatal pressupõe apreendê-lo na dinâmica sócio-histórica, no âmbito de como se formou esse campo de trabalho para o profissional bem como as respostas que os profissionais vem apresentando às demandas que lhe são colocadas neste espaço sócio-ocupacional.
         Na medida em que reconhece a complexidade dessa análise a autora apresenta premissas para a realização da análise.
         A primeira premissa é de que as profissões são construídas social e historicamente, dessa forma a sua análise deve ser realizada no âmbito do movimento da sociedade na qual se insere.
         Dessa premissa deriva que a análise do Serviço Social deve considerar a sua origem que se encontra profundamente relacionada às necessidades surgidas a partir do desenvolvimento do capitalismo, especialmente em sua fase monopolista. Além disso, deve-se reconhecer que o processo de profissionalização do Serviço Social relaciona-se com a crescente intervenção do Estado na regulação das relações sociais por intermédio de políticas públicas, no enfrentamento da questão social.
         A segunda premissa diz respeito à particularidade do Serviço Social de atuar no enfrentamento da questão social que se encontra constantemente em renovação e atualização de suas expressões nas diferentes conjunturas sócio-políticas. Assim com as políticas sociais centralizadas no Estado aumenta-se a demanda de trabalho do assistente social, sendo aspecto também de diversificação do mercado de trabalho.
         A terceira premissa diz respeito à construção de um espaço sócio-ocupacional marcado fundamentalmente por sua dimensão contraditória entre os pólos “Estado e sociedade” estando o assistente social muitas vezes intermediando essa relação. E apesar de sua relativa autonomia o assistente social tem a sua atuação limitada à vontade do Estado.
         Com a sua inserção na esfera pública demanda-se um profissional qualificado para atuar na formulação e implementação de políticas sociais, estando o seu trabalho voltado mais diretamente para os segmentos mais vulnerabilizados da sociedade.
         Configura-se assim um novo espaço no mercado de trabalho do assistente social tendo como principal mediação a atuação nas políticas sociais.
         A quarta premissa diz respeito à compreensão de que apesar da centralidade do Estado nas políticas sociais não se deve percebê-las como um campo de intervenção exclusivamente estatal e ter em vista os outros atores que encontram-se em cena.
         A quinta premissa diz respeito ao fato de que refletir acerca do trabalho do assistente social na esfera estatal pressupõe a percepção das relações recíprocas e antagônicas que o Estado estabelece com a sociedade civil.
         A última premissa de certa forma trata-se de um alerta quanto à confusão conceitual que se estabelece entre os termos Estado e Governo, que são por muitos compreendidos como sinônimos.

2) Serviço Social, trabalho profissional e transformações recentes nas esferas estatal e societária
       Os anos 1990 representam um marco no avanço da perspectiva neoliberal no contexto de reorganização do capital perante e em seu bojo apresentou-se um processo de retração da intervenção do Estado nas demandas sociais o que representa um retrocesso na perspectiva de universalização de direitos.
         A partir disso, muitas mudanças são desencadeadas como mudanças no mundo do trabalho, reforma gerencial do Estado, novas formas de enfrentamento da questão social, redefinição dos sistemas de proteção e das políticas sociais.
         Dessas mudanças, pode-se observar duas perspectivas: a primeira relacionada a ausência de garantia dos direitos, com reflexos principalmente nos novos direitos que haviam sido consagrados na CF/88. A segunda relacionada à desconfiguração da noção de direito.
         Essas mudanças afetam o trabalho do assistente social tanto pelos sujeitos com os quais ele trabalha, como no seu mercado de trabalho que sofre assim como os outros trabalhadores os efeitos da ofensiva neoliberal e do processo de reestruturação produtiva.

3) Como se expressa esse processo?
Na esfera da produção vem ocorrendo um processo de reestruturação produtiva, aliado a financeirização do capital e do desenvolvimento tecnológico com profundas alterações nas relações de trabalho com a emergência de trabalhos precarizados, em tempo parcial, subcontratação, terceirização, relações informais de trabalho.
No âmbito estatal ressalta-se o processo de desresponsbilização do Estado na implementação de políticas sociais, o que representa um retrocesso na consolidação e expansão dos direitos sociais.
No âmbito da sociedade civil deve-se observar a sua crescente responsabilização em oferecer respostas para as demandas sociais com o aumento das parcerias entre o Estado e a sociedade civil.
Todos esses aspectos apresentam reflexos no mercado de trabalho e na atuação do assistente social, como:
a) Desafios da interlocução pública do Serviço Social
O assistente social tem como desafio a interlocução com novos atores que passaram a discutir temas que historicamente estavam sendo discutidos no âmbito interno da profissão.
b) Exigências de profundas mudanças no perfil do assistente social
       Com o processo de descentralização que vem ocorrendo no Brasil, com destaque para a Municipalização vêm-se exigindo dos profissionais novas habilidades e competências. Além disso, o profissional de serviço social que, anteriormente encontrava-se predominante na execução das políticas sociais, agora, vem sendo requisitado para atuar na formulação, avaliação, planejamento e gestão, sendo desafiados a assumirem uma postura profissional cada vez mais crítica e propositiva
c) O caráter interdisciplinar e intersetorial do trabalho profissional no campo das políticas sociais públicas
         O trabalho interdisciplinar mostra-se cada vez mais necessário, onde diferentes profissionais a partir da particularidade de seus conhecimentos estabelecem uma conexão com outros com vistas a consecução de um objetivo em comum.
d) O desafio de recuperar o trabalho de base junto à população
O Serviço Social tradicionalmente apresentou um forte trabalho junto à população, no entanto com o enfraquecimento dos movimentos sociais e das instâncias coletivas de representação a atuação do assistente social junto à população ficou restrita ao ambiente institucional. O desafio encontra-se em que sua atuação ultrapasse o espaço institucional e descubra outros mecanismos que fomentem a participação da população.




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