Aproximações entre o Serviço Social e a
Interdisciplinaridade:
- A interdisciplinaridade se manifesta na profissão por meio da
interlocução com outras fontes de conhecimento, como a psicologia, a
sociologia e o direito e em ações práticas.
- No que diz respeito à prática profissional interdisciplinar,
observa-se que no início das intervenções do serviço social esse
profissional era percebido como auxiliar das demais profissões, ou com uma
condição subalterna.
- IAMAMOTO & CARVALHO (1996) demonstram que os primeiros
profissionais que empreenderam ações conjuntas a outras profissões ainda
não tinham o reconhecimento profissional de que hoje partilhamos.
- ELY (2003) destaca que o serviço social vivenciou a busca de
saberes junto a outras ciências, somente a partir da década de 1960
através das primeiras aproximações em relação à interdisciplinaridade.
Momento
históricos do Serviço Social com a Interdisciplinaridade:
- Na década de 1970, essa interlocução se ampliou, e na década de
1980 foi objeto de muita discussão em eventos, congressos e similares,
apesar da pouca produção teórica sobre o tema no Brasil.
- Na década de 1990, a produção sobre interdisciplinariedade é
ampliada consideravelmente, porém se dedica a relatar experiências
profissionais, sem muita reflexão teórica.
Indícios
para uma atuação interdisciplinar em Serviço Social:
- IAMAMOTO (2001) afirma que nossa profissão está submetida a
diversas condições laborais que afetam os demais trabalhadores. E, nesse
sentido, dentre as diversas exigências impostas ao profissional destaca-se
a necessidade de uma formação crítica competente.
- A competência é a possibilidade que o profissional adquire para
decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas e
inovadoras. Essas propostas devem orientar os assistentes sociais no
sentido de se apropriar da “Questão Social” e nela intervir, visando assim
a superação dos problemas sociais e a procura da garantia de direitos.
- Para atender a demanda da competência profissional e a construção
de novas propostas, é fundamental estar aberto a outros conhecimentos,
outras experiências, que vão além dos muros do serviço social do serviço
social, por isso o profissional deve buscar um conhecimento com diversas
áreas para ampliar seu campo teórico, não devendo ser também essa busca
por conhecimento uma forma de "tomar" para si o que é
competências de outras profissões .
Reflexões de
IAMAMOTO sobre o diálogo profissional:
- IAMAMOTO (2001) não declara que se trata de uma necessidade de um
trabalho interdisciplinar, mas sinaliza para a necessidade de nós, como
assistentes sociais, irmos além da nossa área de saber e de intervenção.
- Para a autora, o fato de estarmos abertos ao diálogo com outros
profissionais, com outros saberes, traz ainda mais competência
profissional, posto que romper com uma visão focalista nos dá muita
clareza sobre as atribuições profissionais, as características das
profissões e saberes com os quais nos relacionamos e ainda sobre as
nossas próprias atribuições, as nossas teorias, o nosso saber, ou
seja, ao ampliar o horizonte de conhecimento o assistente social torna-se
mais conhecedor de sua categoria profissional, competências, limitações,
necessidades etc.
- Relacionar-se com o outro pressupõe, fundamentalmente,
conhecimento, ou seja, para que o assistente social possa trabalhar tanto
em equipe com outros profissionais e com a sociedade, o mesmo deve
conhecer, somente com o conhecimento essa interlocução é possível.
Análise
contemporânea do Serviço Social e a Interdisciplinaridade:
- Os produtos, ou os resultados da os pretendidos, não dependem
apenas da vontade individual de cada trabalhador. Nesse processo, é
importante considerar que há outros fatores que influenciam além dos
interesses comuns, mas é necessário que consideremos ainda as finalidades
a serem alcançadas pelas empresas contratadoras, quer sejam públicas ou
privadas, além das mudanças processadas no mercado de trabalho e que
estarão, por sua vez, relacionadas aos fenômenos mais globais de
organização econômica e política que afetam toda a sociedade. (IAMAMOTO,
2001).
A
apropriação de outros saberes por parte do Serviço Social:
- Para On (1995) sempre nos referenciamos nos conhecimentos de outras
disciplinas, tais como a sociologia, a política, a economia, a psicologia
e a filosofia, por exemplo.
- A recorrência a essas formas de conhecimento oferecem as bases
necessárias para que, por meio da articulação entre elas, seja possível
uma construção coletiva de conhecimentos no interior do serviço social, ou
seja, reportar-se a esses conhecimentos possibilita a apropriação, por
parte do serviço social de inúmeras áreas do conhecimento.
- O assistente social a ter uma postura interdisciplinar
deve dirigir-se ao “espaço da diferença” para
compreendê-la.
- Essa atitude interdisciplinar nos leva a compreender que nenhuma
profissão é absoluta, e a possibilidade de transpor as barreiras entre as
disciplinas, os saberes e as profissões é viabilizada pela
interdisciplinaridade, tanto por meio das pesquisas quanto por meio das
pesquisas quanto por meio das práticas profissionais.
As equipes e
as ações multi, pluri, trans e interdisciplinares:
- A multidisciplinaridade se efetiva quando vivenciamos um trabalho
em que há diversas áreas profissionais envolvidas. A intervenção acontece
de forma isolada, ou seja, não há colaboração ou cooperação entre as
diversas áreas entre as diversas áreas, apesar de apesar de possuírem um
objeto de intervenção em comum. Como a cooperação é mínima, não é
favorecida a troca de informações entre os saberes que estão envolvidos na
ação.
- Já a pluridisciplinaridade, ELY (2003), destaca que são ações em
que se observa a justaposição dos saberes provenientes das áreas
envolvidas em prol de um objeto comum. Nessa modalidade observa-se
também, uma cooperação mínima, basal entre os profissionais envolvidos,
cada profissional delibera sozinho sobre as decisões a serem tomadas, ou
seja, não há partilha das decisões frente às há partilha das decisões
frente às situações apresentadas.
- A interdisciplinaridade é uma forma de intervenção na qual as
várias especialidades colaboram para a ação junto ao objeto que é comum.
Nesse caso, há trocas entre os profissionais envolvidos no processo,
porém, uma especialidade é responsável por coordenar o processo de
intervenção.
- ELY (2003) diz que a interdisciplinaridade precisa ser compreendida
como uma intervenção em que as relações profissionais e de poder são
horizontais, ou seja, estão situadas em um mesmo plano onde plano, onde
todos possuem condições de todos possuem condições de deliberar sobre as
decisões a serem tomadas, dentre outros aspectos.
- Nessa prática, as ações são comuns, dentro da especificidade de
cada saber, mas nesse caso são partilhadas e evidenciamos uma troca
sistemática dos conteúdos entre os profissionais.
- A transdisciplinaridade seria para a autora uma forma de
organização das atividades em que observamos a coordenação de todas as
especializações envolvidas no processo da tomada de decisões e de
desempenho das ações.
- A transdisciplinaridade resultaria, assim, na criação de um campo
comum de troca de experiências e difusão dos saberes, respeitando-se no
entanto a autonomia teórica, disciplinar e operativa de cada especialista
envolvido na intervenção.
- A prática interdisciplinar do Serviço Social demanda que esses
profissionais desenvolvam um nível avançado de cooperação e coordenação,
no qual se efetive a valorização e o respeito de cada área do saber de
cada conhecimento área do saber, de cada conhecimento.
- Essa valorização traz a constituição de um diálogo entre os
conhecimentos e entre os profissionais que integram as equipes
profissionais, respeitando-se a autonomia de cada profissional.
Serviço
Social, mediação e a interdisciplinaridade:
- O Serviço Social compartilha de um trabalho coletivo que visa a
humanização do atendimento.
- Por ser uma profissão histórica e socialmente determinada, que atua
nas variadas expressões da questão social, tendo como um dos seus
princípios a ampliação e consolidação da cidadania, através desse
trabalho, o Serviço Social busca uma abordagem ao usuário como cidadão e
sujeito de direito e integrante cidadão e sujeito de direito e integrante
de diferentes segmentos.
Competências
profissionais x capitalismo e interdisciplinaridade:
- As práticas profissionais são legitimadas através da eficiência e
eficácia de suas atuações em instituições públicas e/ou privadas, em que
há uma relação estreita entre a propriedade do saber e poder.
- Na medida em que define sua especificidade, cada profissão se
diferencia com teorias e práticas para garantir suas verdades e seus
espaços de atuação.
- Com isso, nas sociedades capitalistas, o que se observa é que o
campo da profissionalização dos saberes é marcado também por
hierarquizações, o que resulta numa forte competição entre profissionais
de uma mesma área e ou diferentes de uma mesma área e ou diferentes.
- Constantemente invocado e levado a efeito nos domínios mais
variados da pesquisa, do ensino e das realizações técnicas, o fenômeno
interdisciplinar está distante de ser evidente Por ganhar distante de ser
evidente. Por ganhar considerável expressão, merece ser elucidado tanto na
perspectiva conceitual, quanto no campo investigativo, de modo a
operacionalizá-lo.
- Constantemente invocado e levado a efeito nos domínios mais
variados da pesquisa, do ensino e das realizações técnicas, o fenômeno
interdisciplinar está distante de ser evidente.
- Por ganhar considerável expressão, merece ser elucidado tanto na
perspectiva conceitual, quanto no campo investigativo, de modo a
operacionalizá-lo.
Reivindicações
profissionais do Serviço Social e interdisciplinaridade:
- Neste contexto, é compreensível a necessidade de rigor e
detalhamento para efetivação interdisciplinar com cuidado para escapar a
modismos e ou à vulgarização de sua utilização (RODRIGUES, 2000).
- A interdisciplinaridade no Serviço Social está diretamente
relacionada com a atuação da profissão (suas atribuições, responsabilidade
e métodos de trabalho) no âmbito institucional.
Trocas de
saberes em Serviço Social:
- No que se refere às práticas de intervenção social, faz-se
necessário uma postura interdisciplinar.
- A ação social, seja ela comunitária, institucional ou
governamental, interfere, quase sempre, nas condições materiais de vida da
população na cidade.
- A intervenção social, fruto de uma concepção e práxis
interdisciplinar, rompe o reducionismo ativista da ciência, já que vê a
produção do conhecimento como um espaço de complementação entre áreas,
saberes empíricos e científicos.
O trânsito
entre saberes no Serviço Social:
- (RODRIGUES 1998) afirma que “a interdisciplinaridade, favorecendo o
alargamento e a flexibilização no âmbito do conhecimento, pode significar
uma instigante disposição para os horizontes do saber (...).
- Portanto a interdisciplinaridade, coloca-se inicialmente, como
postura profissional que permite se por a transitar o ‘espaço da
diferença’ com sentido de busca, de desenvolvimento da pluralidade de
desenvolvimento da pluralidade de ângulos que um determinado objeto
investigado é capaz de proporcionar, que uma determinada realidade é capaz
de gerar, que diferentes formas de abordar o real podem trazer”.
Postura
profissional, Serviço Social e Interdisciplinaridade:
- Em relação às especificidades das profissões e as especialidades
das áreas, a interdisciplinaridade extrai o novo e diferente dos
conhecimentos elaborados sobre o objeto de uma referida prática
possibilitando o pluralismo de contribuições visando um entendimento
profundo deste objeto e prática, visto que é assimilada como “postura
profissional”.
As contribuições
da interdisciplinaridade para o Serviço Social:
- O Serviço Social está ligado a outras áreas e, isto é,
importantíssimo para seu desenvolvimento, pois o isolamento seria
prejudicial para a abrangência de sua prática social. Pode-se dizer que a
interdisciplinaridade o desenvolve, flexiona-o e viabiliza a interação com
o diferente.
- Ela possibilita o rompimento dos vícios e preconceitos existentes
na profissão. Ensina também a pensar e ver diferentes metodologias.
As
influências e contribuições do Serviço Social para as atuações
interdisciplinares:
- O Assistente Social tem em seu trabalho influência de vários
determinantes como o econômico, cultural, político, geográfico, além da
sociedade civil e do Estado, que exigem do profissional um conhecimento
detalhado da realidade na qual está detalhado da realidade na qual está
inserido.
- Isto exige dos assistentes sociais uma intervenção prática que tem
como requisito posse de informações e análise conjuntural
interdisciplinares que funcione como um pêndulo, que ele seja capaz de ir
e vir.
- E encontrar no trabalho com outros agentes, elementos para a
(re)discussão do seu lugar e encontrar nas discussões atualizadas
pertinentes ao seu âmbito interventivo, os conteúdos possíveis de uma
atuação interdisciplinar uma atuação interdisciplinar. (MELO E ALMEIDA,
1999).
O projeto
ético-político profissional e a interdisciplinaridade:
- As ações em parceria devem funcionar como fertilizantes para a
produção de conhecimento no processo de ir e vir das relações e demandas
profissionais.
- Devem trazer para a intervenção profissional a possibilidade do
pluralismo e da equidade, princípios fundamentais da profissão de Serviço
Social.
Autonomia
profissional e interdisciplinaridade:
- O projeto interdisciplinar não é produzido através de receita de
sucesso, mas, através de condicionantes entre os profissionais.
- É por isso, que a interdisciplinaridade encontra limites no
cotidiano de nossa história de vida e profissional.
- A autonomia profissional é assegurada através de uma função técnica
e política, que impõe ao profissional um saber fazer bem, ou seja, o
domínio de seu conteúdo teórico, a clareza de seus objetivos e os da
instituição em que trabalha.
- Uma reflexão crítica constante é exigida sobre seu próprio atuar,
como também sobre a realidade social.
- Falar sobre interdisciplinaridade é um desafio, pois não podemos
deixar de evidenciar que é uma questão central do trabalho profissional
contemporâneo.
- O que é urgente no campo das Ciências Humanas é abrir o
conhecimento específico que trata cada área do saber para o diálogo
interdisciplinar, numa busca de excelência transdisciplinar.
- Na atualidade, os profissionais terão uma demanda cada vez maior no
campo das ciências especializadas, como é o caso do assistente social que
possui uma bagagem teórica e metodológica apta a realizar pontes de
reflexão com as demais áreas, sobre seu objeto de trabalho, a partir dos
aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais.
Serviço
Social, capital x Estado e a interdisciplinaridade:
- O tema da interdisciplinaridade vem sendo debatido na literatura
recente do Serviço Social brasileiro, tendo em vista que o desenvolvimento
de seu trabalho na divisão sócio técnica do trabalho, que determinou sua
gênese de forma gradativa mercado, enquanto estratégia hegemônica entre
capital e Estado.
- A profissão vem conquistando espaços, sistematizando técnicas e
saberes, mostrando sua eficácia e se legitimando mostrando sua eficácia
como profissão através de técnicas de intervenção de forma
multidisciplinar, numa busca de trabalho interdisciplinar.
Realidade
territorial, Serviço Social e as ações interdisciplinares:
- As especificidades da Região apresentam desafios complexos e
demandas particulares ao exercício profissional, representando um campo
aberto de possibilidades para a práxis profissional.
- Para tanto, o profissional deve estar munido de arsenal
teórico-metodológico, técnico-operativo e ético-político para desvelar
alternativas para o seu enfrentamento no cotidiano do seu enfrentamento no
cotidiano do seu trabalho.
- A ideia é que os profissionais colaborem na produção de novos
conhecimentos e com subsídios qualificados para as discussões sobre as
desigualdades sociais e a questão do “trabalho”.
- Propõe-se que os profissionais se dediquem para propiciar a
legitimação e ampliação da atuação desse profissional na busca de uma
atitude interdisciplinar.
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