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Síntese baseada no texto: O silencioso desmonte da Seguridade Social
no Brasil
Síntese produzida pelos Concurseiros de Serviço Social a partir do texto de Maria Lúcia Werneck Vianna. |
1. Introdução
A seguridade social é vista sob a ótica de um
sistema que articula diferentes políticas sociais no conjunto integrado, sendo
que foi dessa forma que se deu a sua positivação na Carta Magna de 1988, sendo
efetivada como “um direito do cidadão e dever do Estado”. A utilização dessa
expressão deu-se, inicialmente na Europa nos anos 40, para representar a
superação do seguro social na garantia de direitos do cidadão, de seguranças a
sua vida. Refere-se, portanto a ideia de que o risco de não conseguir prover o
próprio sustento na sociedade de mercado não é mais de responsabilidade
individual, mas avança para a construção de uma responsabilidade social
pública.
A consolidação da Seguridade Social no Brasil, a partir da
articulação entre a Previdência, a Assistência Social e a Saúde assegurado na
Constituição de 1988 aponta para a criação de sólidos mecanismos para a sua
efetivação, para o melhoramento nas formas de financiamento, para um modelo de
gestão que integre as três políticas sociais sem perder de vista suas
particularidades rumo à construção de uma política democrática, distributiva e
não-estigmatizada.
No entanto os anos subsequentes serviram para mostrar
que a articulação prevista nunca saiu da Constituição. A articulação previa uma
proposta de orçamento elaborada de forma integrada pelos responsáveis por cada
política, bem como a criação de um ministério único para a gestão das três
políticas, ocorrendo exatamente o contrário nos anos 90, com cada política
apresentando um orçamento próprio, regulamentadas por leis distintas, bem como
em diferentes órgãos de gestão. A partir da análise da realidade é possível
perceber que a articulação das políticas da Seguridade Social existe apenas na
Constituição de 1988, não avançando para a real construção de um sistema de
proteção social.
Para além das próprias escolhas do governo brasileiro, outros
fatores incidem para o enfraquecimento da Seguridade Social. A conjuntura
internacional de crise econômica, crise do Welfare
State e de avanço da ofensiva neoliberal nos países capitalistas implica
para o Brasil e outros países latino-americanos a recessão econômica, crise
fiscal, inflação. No Brasil a tendência neoliberal presente na maioria dos
países desenvolvidas foi seguido com a minimização do papel do Estado na oferta
de serviços e benefícios, retrocedendo assim, na garantia de direitos sociais.
2.
Mitos sobre Política Social plantados pela retórica neoliberal
O mito
tecnicista
O maior ataque realizado a Seguridade Social brasileira diz
respeito a sua despolitização, marcada pelas suas análises restritas a questões
numéricas, sendo a vista a partir de um enfoque técnico. Por despolitização,
deve-se compreender a tecnificação dos interesses públicos, ou seja, ao seu
tratamento de forma essencialmente burocrática, afastado dos mecanismos
democráticos que possibilitam a participação da sociedade.
Essa tecnificação implica a perda do principal sentido da Seguridade
Social, apresentando-se desarticulada das políticas que a compõem, com a perda
da noção de um sistema. No Brasil é realizado o isolamento das políticas
sociais pelas suas especificidades, operando-se ainda a redução da seguridade a
uma de suas políticas, a previdência.
A força da previdência apresenta-se a partir de fatores
como volume dos recursos, envolver muitos interesses, mas também porque seus
beneficiários são conhecidos, tem seus nomes e endereços, os trabalhadores
possuem categorias representativas que reivindicam por melhorias e reclamam a
ocorrência de falhas. Ao contrário o público alvo da saúde é composto por
anônimos, sem condições de expressar suas demandas. A assistência social, por
sua vez, tem o maior retrocesso no sentido de apresentar-se atualmente na forma
puramente assistencialista, com pousos recursos e forte instabilidade, foi
praticamente retirada do debate a sua relação com a Seguridade Social.
O debate sobre a Seguridade Social no Brasil
encontra-se reduzida à Previdência Social. Tal política possui inúmeros
elementos técnicos o que faz perder de vista sua percepção enquanto política
social, e consequentemente o seu caráter político. No entanto, por mais que os
aspectos técnicos façam parte da sua análise, a sua natureza essencialmente
política devido ser produto da construção da realidade de caráter eminentemente
político e por constituir uma política pública, sua despolitização configura um
retrocesso em comparação as lutas sociais que possibilitaram a sua colocação na
Constituição.
O mito
naturalista
Outro ataque à Seguridade Social diz respeito à naturalização da
sua queda, decorrente das transformações econômicas ocorridas. Na medida em que
se naturaliza o fim da Seguridade Social como inevitável retira-se do
imaginário da população de que a responsabilidade pela ausência de proteção
social é do Estado, sendo dessa forma um fator que propicia a sua
despolitização.
No entanto, apesar de ser fato que se vive uma crise econômica
globalizada não se processa de forma globalizada o desmonte da Seguridade
Social, devido a dois fatores básicos: compreensão diferente da crise pelos
diferentes países e de como ela recai sobre a Seguridade Social; e formas
diferenciadas de enfrentamento a crise.
O Mito
maniqueísta
O terceiro mito que contribui para o desmonte silencioso da
Seguridade Social no Brasil diz respeito a apresentar soluções que se apresentam
como mutuamente excludentes. Nesse sentido colocam-se em oposições determinados
fatores evidenciando um como preferível, mais vantajoso.
Conclusão
A Seguridade Social permanece presente na
Constituição, observando-se, no entanto, uma incompatibilidade entre os
pressupostos estabelecidos e a sua efetivação na realidade. Tal
incompatibilidade demonstra-se pela perca da noção de sistema, operada pela
desarticulação entre as políticas, pela sua redução a esfera da política de
previdência social.
Opera-se ainda sua despolitização, o enfraquecimento dos
debates, das reivindicações populares. Realizou-se a reforma da Previdência,
discutindo-se mudanças no Regime Geral do INSS, de modo a reduzir as vantagens
o funcionalismo público.
Através de uma série de ações tanto de ordem operacional quanto
ideológica o governo brasileiro em consonância com o receituário neoliberal
opera o desmonte silencioso da Seguridade Social e prepara o terreno para o seu
fim, destruindo um de seus aspectos mais importantes “a concepção
universalista, democrática, distributiva e não-estigmatizadora de seguridade
social gravada na Constituição de 1988”
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