sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Assessoria e consultoria no Serviço Social



Assessoria e Consultoria

Síntese baseada no texto: Assessoria, consultoria, auditoria e supervisão técnica
Autor: Maurílio Castro de Matos

Trajetória Histórica da Assessoria e Consultoria

  • 1970-Segundo Matos (2009) a primeira aparição do tema consultoria/assessoria no serviço social foi na década de 1970. Desde o início esse tema esteve ligado a busca de uma nova possibilidade de atuação profissional, para além das ações profissionais classicamente desenvolvidas pelo Serviço Social. Nesse período a assessoria era tido como uma estratégia de atuação que visava à superação da tricotomia de intervenção, à época, do Serviço Social: caso, grupo e comunidade.
  • 1980- Nesse período ocorreram dois importantes fatos que são:
      1° A publicação do primeiro artigo sobre o tema Assessoria, que foi escrito por Balbina Ottoni Vieira (1981) e foi inserido em seu segundo livro sobre supervisão, esse artigo abordava a importância da assessoria para os assistentes sociais, esse artigo foi escrito tendo por base os pressupostos do estrutural-funcionalismo.
      Nesse período, vários cursos de Serviço Social por todo o Brasil, vivenciou a criação de campos próprios de estágio junto aos movimentos sociais.
  • 1990- Esse período simbolizou uma grande expansão do tema, e isso deve também a dois fatores:
1-conjuntura de reestruturação produtiva e reforma do aparelho do Estado que exigiu a reorganização das instituições.
2-Redução dos campos de estágio;

  • 2000- Houve grande expansão dos cursos privado de Serviço Social no Brasil, surgiram também nesse período várias publicações intituladas na sua maioria são problematizações ou relatos sobre trabalhos, na sua maioria pontuais, junto a comunidades, movimentos sociais ou entidades de trabalhadores, frutos dessas experiências universitárias.

Atenção: Nesses referidos períodos o tema era pouco debatido e não havia clareza em seu debate. Matos (2009) ressalta que historicamente, o exercício de assessoria está ligado ao status que essa função tem, que está ligado ao reconhecimento intelectual que se dispensa ao assessor

Assessoria e consultoria na área do Serviço Social
Matos (2009) ressalta que boa parte da produção teórica sobre esse tema não é da área de serviço social e sim de outras áreas de conhecimento, em especial na área da administração onde se visa frisar maximização do lucro, pressuposto muito distante do atual projeto profissional defendido pelo Serviço Social. O autor fala que ainda não se tem total clareza sobre esse tema e que no serviço social é recente a expansão desse assunto na produção bibliográfica. Sobre esse tema Matos (2009) pontua que:
  • É necessário compreender o trabalho de assessoria e consultoria como aquele que visa auxiliar, ajudar, apontar caminhos.
  • É uma ação desenvolvida por um profissional com conhecimentos na área, que toma a realidade como objeto de estudo e detém uma intenção de alteração da realidade.
  • Consultoria vem da palavra consultar, que significa pedir opinião. Portanto, consultoria é mais pontual que assessoria que remete a ideia de assistir.

DIFERENÇA ENTRE ASSESSORIA E CONSULTORIA PARA MATOS (2009)
ASSESSORIA
CONSULTORIA
  • A assessoria serve para auxiliar na construção de um projeto, Matos (2009) cita o seguinte trecho de Vaconcelos: As assessorias são solicitadas ou indicadas, na maioria das vezes, com o objetivo de possibilitar a articulação e preparação de uma equipe para a construção do seu projeto de prática por meio de um expert que venha assisti-la teórica e tecnicamente (VASCONCELOS, 1998, p. 129).
  • Consultoria é mais pontual que assessoria que remete a ideia de assistir;
  • Para se requisitar uma consultoria é necessário que antes já tenha passado, ainda que precariamente, pela elaboração de um projeto de prática, objetivando, com a consultoria, respostas para algumas questões pontuais que dificultam o encaminhamento do mesmo ;

Muito Importante!!!

Geralmente os concursos tentam confundir os candidatos, afirmando que Assessoria/Consultoria confundem-se com certas atividades. Matos (2009) destaca com o que Assessoria/Consultoria não pode ser confundido com certos temas ou atividades, esses serão explicitados a seguir.

ASSESSORIA/CONSULTORIA NÃO É
  • Assessoria não é sinônimo de supervisão: Quando o autor afirma isso ele quer dizer que a supervisão tem natureza temporária, eventual (o supervisado procura o assessor quando precisa) e ampla liberdade do assessorado em aceitar ou não, em seguir ou não as indicações do assessor.
  • Assessoria não é sinônimo de toda e qualquer ação extensionista: Quando o autor afirma isso ele quer dizer que não se pode denominar qualquer atividade de extensão como assessoria/consultoria.
  • Assessoria não é, necessariamente, trabalho precarizado e/ou temporário: Quando o autor afirma isso ele quer dizer que o fato de empresas contratarem de forma precarizada alguns profissionais, não significa que esses profissionais estejam realizando o trabalho de assessoria ou consultoria.
  • A assessoria no Serviço Social não é abandono do trabalho assistencial: Quando o autor afirma isso ele quer dizer que o fato de um assistente social será assessor ou consultor não significa que ele terá que abandonar o trabalho com os usuários, ou seja, ser assessor não é abandonar o trabalho assistencial.
  • Assessoria não é mera militância política: Quando o autor afirma isso ele não tem por intenção desprezar a participação dos assistentes sociais nos diversos movimentos sociais, ele quer afirmar que eles se relacionam mas não se confundem, não se pode afirmar que Assessoria/Consultoria é apenas militância política.

Conclusão:
Dessa forma conclui-se que uma assessoria quando é solicitada é porque o profissional, a equipe ou movimento social identifica a necessidade de alguma mudança, dessa forma o assessor propõe a solução, por meio da correção de problemas. Assim a assessoria pode ser compreendida como um processo que gera mudança, mas a partir de uma relação em que assessores e assessorados possuem distintas contribuições a serem dadas. O assessor tem uma posição privilegiada que é está externo a situação, assim ele pode a partir da sua capacidade profissional contribuir apontando caminhos e auxiliando na desvelação de questões que a equipe e o profissional, sozinhos, não podem identificar. Matos afirma que : “assessor ou a equipe da assessoria clareiam para si, na realidade, a concepção política e teórica de assessoria. Contudo, não basta estar claro isso para o assessor, é necessário também que esteja claro para quem irá ser assessorado. É necessário que os assessores tomem muito cuidado com as demandas que inicialmente são solicitadas. Não que estas estejam erradas, mas quase sempre são apenas expressões, partes fenomênicas, da demanda real de assessoria. Para tanto, se faz necessário por parte da assessoria um profundo estudo da realidade, de preferência em conjunto com a equipe que será assessorada. Só a partir daí é que se poderá construir conjuntamente, com quem se assessora um projeto de assessoria, em que aquelas demandas originais e outras serão debatidas, pactuadas e outras serão apresentadas'' (p. 11)
Matos (2009) também explicita que quando já se estão definidos os pressupostos da assessoria, começa o real processo de assessoria/consultoria, ou seja ocorre a operacionalização das intenções. Assim é necessário ter clareza que o assessor não é um porta-voz do que deve ou não ser feito. O processo de assessoria é cotidianamente construído com os sujeitos fundamentais – os assessorados – e estes têm autonomia em acatar ou não as proposições da assessoria. Esse processo deve ser franco e aberto, por ambos os lados. O assessor é um sujeito propositivo, mas que só terá êxito nesta atividade se tiver interlocução com quem assessora. Para tanto, fundamental é a adoção de estratégias de trabalho participativas.



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