segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Síntese do texto “O programa Saúde da Família, o Serviço Social e o Canto do Rouxinol”


Síntese elaborada pelos Concurseiros de Serviço Social baseado no texto de Mary Jane de O. Teixeira
Introdução
        O texto tem como objetivo levantar alguns pontos de reflexão sobre a forma como está sendo encaminhada a política de saúde no país e, especificamente, pensar a viabilidade e desafios que se colocam para o PSF, definido pelo Ministério da Saúde (MS). Tal estudo pretende esboçar os rumos que serão tomados pelo programa bem como da política de saúde como um todo.
Problematizando o Programa Saúde da Família
      A reflexão sobre o Programa Saúde da Família no Brasil implica analisar sua forma de implantação, seu financiamento, gestão e execução. Implica considerar suas formas e critérios de contratação da força de trabalho, do modelo de contrato, da jornada, do salário e, finalmente das diferenciações destes elementos com a rede básica de saúde. Tais fatores implicam a consideração de alguns aspectos que dificultam a sua implementação: O PSF por suas características de seleção da equipe, sem a realização de concursos públicas não estaria corroborando com práticas paternalistas ou clientelistas que ainda hoje continuam fortemente arraigadas na sociedade brasileira; as instituições estariam produzindo um modelo de mercado pois tem-se um trabalho sem segurança no emprego, sendo assim mais competitivo; o salário maior na rede de serviços é suficiente para a adesão os profissionais; o salário mais elevado garante a qualidade da assistência médica e a estratégia de reorganização do sistema de saúde; a diferenciação de salários não se apresenta como uma contradição a proposta democrática do programa;
        Outro aspecto que dificulta a implantação do programa Saúde da família é a relação de interação direta do PSF com as demais unidades públicas de saúde, pois sem mecanismos de referência e contra referência a reorganização do sistema é impossibilitada, continuando assim a prevalecer práticas individualizadas de atenção, deixando-se em segundo plano o trabalho em equipe.
        Um outro desfio que se coloca para o PSF é de que ele fomente a mudança do modelo de atenção à saúde do modelo biomédico para um modelo de atenção integral a saúde, configurando-se como uma estratégia de ação e não mais um programa verticalizado/centralizado.
O serviço social e a equipe básica do PSF
      A equipe básica do Programa Saúde da Família – PSF é definida pelo Ministério da Saúde como sendo composta por um médico generalista, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e um agente comunitário e outros profissionais devem ser incorporados a partir das necessidades percebidas.
         A autora defende assim que o assistente social seja incorporado na equipe básica, compreendido não como “outro profissional”, mas como profissional importante para que seja implantado um modelo assistencial com ênfase na atenção integral a saúde.
        A inserção desse profissional justifica-se como uma estratégia para a reestruturação do sistema de consolidação da mudança do modelo assistencial de atenção a saúde, na medida em que o Serviço Social tem acumulado historicamente conhecimentos no campo da saúde, da família, dos movimentos sociais, dominando ainda procedimentos metodológicos e instrumentais técnicos como a abordagem na Educação em Saúde que primam pela participação em oposição às práticas que medicalizam a questão social, como no modelo biomédico.
        A Educação em Saúde entende que a informação é um direito que contribui para a formação de uma consciência crítica. A partir deste enfoque compreende-se que contribuiria para a consolidação do SUS como uma política de saúde democrática que ainda não ocorreu, com a garantia da universalidade, e a institucionalização da referência, contra referência e controle social. Tais elementos seriam essenciais para a efetivação do PSF como instrumento catalisador do modelo de atenção à saúde apresentando um alto índice de resolutividade e satisfação dos usuários, com a extensão da cobertura e na compreensão do programa como elemento estratégico que rompa com a tendência focalista dos anos 90.
        De acordo com a autora a superação da tendência focalista deve ser entendida na perspectiva de que o PSF não deve planejar-se na perspectiva de uma equipe mínima, mas de uma concepção de totalidade para que se consolide como um programa estratégico que supere a atenção focal.
Considerações Finais
      Conclui-se desse modo que o PSF em consonância com a políticas públicas como um todo sofre as determinações estabelecidas pelo capital internacional que preconizam o direcionamento para as políticas de privatização/terceirização dos setores sociais com redução das verbas e das responsabilidades do Estado no enfrentamento aos problemas sociais, de acordo com o reajuste econômico. Desse modo a saúde no mesmo sentido atravessa as mesmas reformas tendendo para a realização de uma assistência focalista.
        O texto defende que a inserção do Serviço Social no Programa Saúde da Família devido a sua orientação no tratamento com a família, pelo seu comprometimento com a reorganização das políticas públicas, e por ter um projeto ético-político que se compromete com a defesa da autêntica seguridade social. Além disso questiona a existência de uma equipe mínima na garantia da estratégia do PSF, na reorganização do sistema e do modelo assistencial.
        O que se pretende demonstrar com esse trabalho é que o PSF pode tomar dois rumos: numa primeira perspectiva permanecer focalista, como uma política compensatória e de controle social, restringindo-se à seletividade e “cestas básicas” sem reconhecer os direitos sociais” ou em outra perspectiva toma uma direção realmente estratégica para a reorganização do sistema de saúde e pela necessidade de implantar um modelo assistencial de atenção integral, consolidando o SUS, através da participação popular, contribuindo também para as mudanças na sociedade na construção de um projeto democrático.

        A autora destaca que para isso é necessário não acreditar que a conjuntura desfavorável de domínio, subalternidade e exclusão social seja irreversível, para que se possa ouvir o canto do verdadeiro rouxinol.   


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